(…) As técnicas de desaparecimento produzem uma “vida que não deixa rastros”. O desaparecido não é um corpo sujeito à punição de um soberano ou às disciplinas que o sujeitarão. (…)
(…) O desaparecimento enquanto técnica governamental expõe uma desterritorialização da gestão biopolítica de populações. Tratava-se nesta de governar a impessoalidade da vida biológica (…). A multiplicidade das novas modalidades do poder nas sociedades do desaparecimento expressa-se em diversos e singulares dispositivos, com caracteres e intensidades variáveis. Do algoritmo criptocibernético à normalização do aniquilamento e da execução sumária como práticas de governo, protagonizadas pelos aparatos policiais ou paraestatais. Formas de violência gestadas em territórios como a América Latina, que hoje se disseminam como modelo paradigmático e explicativo de uma diagrama governamental mundial. (…)