Quando as barras de ferro procuravam acertar nossos pés, pulamos, criamos frevo e giramos martelos novamente com os nossos pés para acertar quem nos perseguia. Quando tentaram nos fotografar, resistimos com um olhar insubmisso e desviamos nosso olhar da lente que tentava nos capturar. Quando ditaram todas as regras para a identificação do negro, reconhecemo-nos como um atravessamento de culturas e suas complexidades. Quando disseram que seríamos um só povo, mostramos, num extenso à sua dissolução. Reconheço que participo da experiência comum de ser negro não apenas pelo racismo que me é imposto, mas porque experimento a rebeldia de me colocar na linha de frente da resistência de corpos insubmissos. Não há maior insubmissão do que nossos corpos viverem a singularidade de nossa existência. Érico Andrade