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José Gil

FERNANDO PESSOA, OU A METAFÍSICA DAS SENSAÇÕES

(…) José Gil toma como matricial de todo esse processo, um alguém atenta para as mínimas sensações intersticiais que lhe sobrevêm, sensações estas tomadas como ondas transportadoras de outras sensações que se lhes associam, sensações transformadas em arte, que são também sensações de um outro, múltiplo gerador de outros. “Escrever poemas”, diz José Gil, “é escrever segundo a lógica da heteronímia, é iniciar um processo de devir-outro que deverá necessariamente levar à produção poética dos heterônimos”. Sentir-se outro, ser outro desde o primeiro ato poético da sensação, implica fazer-se (poeticamente) outros. E só existirão os heterônimos, esses outros, porque cada um deles já é outro para si mesmo, e participando todos de um vertiginoso jogo caleidoscópico. (…)

excerto do prefácio de José Miguel Wisnik

Título: Fernando Pessoa, ou a Metafísica das sensações
Autor: José Gil
Ano: 2020 | 1ª edição
N˚ de páginas: 240
Dimensões: 16 x 23cm
ISBN: 978-65-86941-11-1

Preço: R$ 76,00

José Gil sobre Fernando Pessoa ou a metafísica das sensações - primeira parte.

(…) A um nível mais elevado, a estética de Pessoa comporta uma arte poética que considera as sensações como unidades primeiras, a partir das quais o artista constrói a sua linguagem expressiva. É surpreendente que esta teoria não tenha merecido maior atenção – tanto mais que, do começo ao fim da sua obra, Fernando Pessoa não para de falar, de pensar, de tomar como tema as sensações, a ponto de fundar um movimento literário, o “sensacionismo”; é que todas as questões clássicas da exegese da sua poesia (a heteronímia, a realidade, o sonho, a consciência, a vida etc.) giram à volta da sua doutrina das sensações. É, de resto, esta a ideia subjacente às páginas que se seguem. (…)
José Gil in Fernando Pessoa, ou a Metafísica das sensações