Há cerca de vinte anos, Contardo Calligaris escreveu Cartas a um jovem terapeuta, livro que trata da clínica psicanalítica com a simplicidade de quem sabe o que diz. O cerne da reflexão é claro e direto: “na hora de encaminhar alguém, prefiro os analistas cuja curiosidade para com o mundo, a vida e a cultura se estendam além das quatro paredes do consultório”.
O recado reverberou além do que Contardo poderia imaginar. Thais Klein e Érico Andrade parecem tê-lo compreendido perfeitamente bem e adicionaram um degrau à exploração da ideia. Cartas ao velho terapeuta: a experiência de uma psicanálise não identitária é um convite para que o “velho”, isto é, o rotineiro, opte por continuar “jovem”, ou seja, aberto ao que está “além das quatro paredes do consultório”. Mas, desta vez, com um olhar mediado por novas lentes.
— Jurandir Freire Costa