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Coletivo Legítima Defesa

Améfrica

Em um passado recente, Beatriz Nascimento nos alertava sobre o fato da história do Brasil ter sido escrita por mãos brancas, e, portanto, sobre a ausência da história dos povos negros e indígenas nos registros escritos do país. Hoje, com a emergência de coletivos em processo de retomada por meio da arte, e seguindo o caminho pavimentado por Abdias Nascimento e o Teatro Experimental do Negro, a dramaturgia se torna um terreno fértil para o exercício de imaginação e construção narrativa, em direção a um futuro onde o direito à autorrepresentação não poderá mais ser negado. Atento ao que irradia Lélia Gonzalez em sua vital contribuição ao pensamento brasileiro, o Coletivo Legítima Defesa sabe que é tempo de buscar, investigar e dialogar com o conceito de amefricanidade. Trazer à luz da cena os processos históricos, culturais e políticos de nossa formação afroindígena e registrar essa dramaturgia, é criar a memória que se dirige contra o esquecimento, aquilombando-se nas palavras.

— Roberta Estrela D’Alva

Título: Améfrica
Autor: Coletivo Legítima Defesa
Ano: 2024
N˚ de páginas: 194
Dimensões: 21 x 14 cm
ISBN: 978-65-6119-021-3

Preço: R$ 77,69

Améfrica em 3 atos é um mergulho profundo nas águas do Atlântico, o caminhar em uma retomada ao território dos originários de muitos mundos. A memória é o guia, transcendendo o batismo de um continente chamado de América pela colonialidade. Uma América que nunca foi América, um Brasil que nunca foi Brasil. Pátrias erguidas com o sangue e os corpos dos filhos da terra. Aqui escutamos o grito por liberdade de vozes, os muitos cantos, histórias e estórias.

 

Renata Tupinambá

Coletivo Legítima Defesa é um grupo de artistas, atores e atrizes, djs e músicos, de ação poética, portanto política, com foco na reflexão e representação da negritude, seus desdobramentos sóciohistóricos e seus reflexos na construção da persona negra no âmbito das linguagens artísticas, constituindo, assim, um diálogo com outras vozes poéticas que tenham a negritude como tema e pesquisa.
Formado em 2015, o coletivo Legítima Defesa apresentou a performance poético-política Em Legítima Defesa na Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (mit–sp) de 2016. Em 2017, estreou na mesma mostra o espetáculo A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em Legítima Defesa. Tem em sua bagagem uma série de intervenções urbanas, como Racismo é golpe? e Um rosto à procura de um nome. Em 2019, estreou o espetáculo Black Brecht – E se Brecht fosse negro?, projeto contemplado pelo Prêmio Zé Renato e considerado pelo Guia da Folha como um dos mais relevantes do ano.
O coletivo vem provocando diversas imersões poéticas em lugares onde a presença negra é praticamente inexistente, tais como Masp, Pinacoteca de São Paulo e Bienal de São Paulo, entre outros. Entre as diversas parcerias, destaca-se a colaboração com o músico e performer sul-africano Neo Muyanga, com quem realizou os espetáculos A missão em fragmentos: 12 cenas de descolonização em Legítima Defesa e Black Brecht — E se Brecht fosse negro?, além das performances A Maze in Grace e A Grace Note para a 34⁠ª Bienal de São Paulo, em 2020 e 2021, respectivamente, ambas com a direção de Neo Muyanga.
Em 2022 o coletivo estreou o espetáculo Améfrica em 3 atos e em 2023, realizou o filme Dançando na chuva, em parceria com artista plástico Jaime Lauriano.
Os atos de guerrilha estética surgem da impossibilidade, surgem da restrição, surgem da necessidade de defender a existência, a vida e a poética. Surgem do ato de ter voz. Ser invisibilizado é desaparecer, desaparecer é perder o passado e interditar o futuro, portanto, não é uma opção.

[teaser] AMÉFRICA em 3 Atos (Sesc Pompéia - 2022)