“Para se divorciar, seria necessário já estar casado, quando esse conflito nasceu da própria impossibilidade de união.” — Elias Sanbar
Basta remontar ao que opõe as sociedades palestina e israelense desde 1948 para entender o que é existencial, de ambos os lados, no conflito que, desde os massacres perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, colocou Gaza sob bombardeios e causou perdas terríveis em sua sociedade civil. O nascimento de Israel e as duas guerras que o precederam e o sucederam foram travadas sobre um fundamento de injustiça: a negação do direito dos palestinos de residir em suas terras. Esse ponto quase cego da tragédia em curso é a fonte de toda a desolação; destrói tudo o que, durante décadas, suscitou a esperança de um horizonte de partilha, de reconhecimento e de convivência pacífica. A ponto de levar, quase inevitavelmente, a esta “última guerra”, nos termos de Israel… O epílogo de episódios dilatórios que, não anunciando dias luminosos e libertos da ameaça subterrânea do terrorismo, levariam à expulsão dos palestinos das terras “israelenses” e à negação definitiva do seu direito de retorno. Uma saída irreversível de cena, em desafio ao direito internacional, que ninguém pode duvidar que levará a infortúnios piores.