“Como o mundo se uniformiza, o tema da platitude encontra seu aspecto mais familiar. Todos sabem que a uniformização, no planeta inteiro, ocorre num ritmo cada vez mais rápido. Diante dessa evolução, as próprias recusas são parecidas e se repetem. As respostas imaginadas aqui e acolá são cada vez mais semelhantes e mais inúteis. Em virtude da generalização das mesmas técnicas, por causa da difusão dos mesmos produtos e da propagação das mesmas diversões, impõem-se algumas normas comuns, implantam-se padrões que prescrevem as mesmas referências, as mesmas reações, os mesmos esquemas de pensamento, os mesmos modelos de vida ideal. A formatação das mentes, dos comportamentos e dos sonhos, diz-se, nunca foi tão poderosa. Mas há coisa pior: os termos com os quais comumente se critica essa situação são agora, também eles, formatados e estereotipados. De modo que o louro da banalidade corre o risco de ser atribuído aos discursos que combatem os conformismos, os consensos, a uniformidade. E não estamos nós, exatamente aqui, clamando “Abaixo a platitude!”? Qual será a saída?”