Este ensaio é o último de uma trilogia iniciada com Políticas da inimizade e retomada em Brutalismo, cujo objetivo era assumir África como ponto de partida para uma apreensão inteligível das principais forças de transformação da vida na era da globalização. Por muito tempo, o planeta e seus habitantes têm vivido em função de certezas eurocêntricas. Sem dúvida meros preconceitos, mas grande parte dessas certezas, em prol da causa, foi dissimulada com a máscara daquilo que o filósofo Souleymane Bachir Diagne chama de “universalismo panorâmico”. De lá para cá, o resto do mundo tem clamado, incessantemente e com todas
as vozes, por uma descentralização que permita tornar visíveis as diferentes manifestações do gênio humano e propiciar outras imaginações do cosmos.3 Ao que parece, essa época ficou para trás, embora muitas pessoas, de ambos os lados, ainda custem a entender todas as implicações dessa mudança.