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Liturgias Póstumas Texto 1

Independente do nome que damos à época de nossas vidas – Antropoceno, Capitaloceno, Chthuluceno… -, algumas afetações e imagens são comuns em nossa experiência da fantasia emergente. Há a ruína, os cacos de mundos estilhaçados, os tentáculos, os entrelaces, o fogo. Há, também, a pergunta pela língua que nasce em meio aos escombros, os litorais de significado entre os seres falantes órfãos do tempo e as literaturas de seu parentesco.

As tentativas de construção de uma nova episteme adequada a esse complexo borbulho movem esforços inauditos no que tange às convocações de saberes e suas vidas. Cogumelos, polvos, máquinas e espectros costuram ficções teóricas e filosofias fabulares, construindo pontes errantes conforme caminham na direção do incalculável.

São personagens que podem também nos auxiliar no esforço onírico de assimilação dos surreais choques causados pela disrupção tecnológica, num tempo em que os códigos binários pulsando através do silício começam a sonhar e alucinar. O campo do fantasmático ganha um novo assombro, pontuado por duas letras: IA.

Brotando como um cogumelo matsutake na Hiroshima devastada, nossas ‘Liturgias Póstumas’ são fábulas sobre essa nova língua, esses tentáculos, esses fantasmas, esses pulsos e impulsos. A partir de imaginações gestadas com a colaboração de inteligência artificial, a coleção monta e remonta a paisagem do pensamento-corpo construído pela curadoria da editora n-1.

Serão 5 edições virtuais mensais, divulgadas gradativamente a cada semana. Cada edição aborda diferentes teorias, ficções, aspectos e infusões dos fragmentos cosmogônicos de um mundo em constante arranjo e desarranjo. 

Essa bricolagem abre as fendas para a experimentação tentacular, ao sugerir que no limiar entre as humanidades e as desumanidades residem brotos de possibilidades de existência e pensamento. As ‘Liturgias Póstumas’ são, assim, um convite à exploração do espaço liminar que é nossa própria época, a partir da qual micélios de potência insistem em insistir na vida.

Independente do nome dado à nossa era – Antropoceno, Capitaloceno, Chthuluceno -, algumas imagens marcam nossa experiência emergente: ruínas, tentáculos, entrelaces, fogo. Surge a questão da língua que nasce entre escombros e as literaturas de parentesco. Cogumelos, polvos, máquinas e espectros tecem ficções teóricas e filosofias fabulares, construindo pontes rumo ao incalculável.

Nossas “Liturgias Póstumas” são fábulas sobre essa nova língua, imaginadas com o auxílio de IA, organizadas em cinco edições virtuais mensais. São estórias que abrem espaço para a experimentação tentacular, ao sugerir que no limiar entre humanidades e desumanidades surgem novas possibilidades de existência e pensamento.