O regime escravista é a “ordem prévia” e a “infeliz origem imanente” que continua a marcar, de maneira camuflada ou escancarada, a sociedade brasileira. Há nisso uma genealogia da crueldade toda particular. Não satisfeita com o desprezo social e a exploração máxima dos pobres reduzidos a objetos usados e descartados, essa estruturação sádica goza com a negação do valor universal dos direitos humanos, na contramão dos quais sempre vingou. Sua violenta grosseria reacionária ganharia em precisão e localização, diz Ab’Sáber, se chamada de néo-escravista (em vez do rótulo, mais genérico nesse caso, de fascista).