No colonialismo, as palavras não designam, mas encobrem. Em sua análise dos desenhos setecentistas do cronista andino Waman Poma, Silvia Rivera Cusicanqui propõe uma sociologia da imagem, ativando o potencial crítico das narrativas visuais que habitam as margens da língua e história oficiais. Com a noção de ch’ixi, a autora retoma a memória de uma ancestralidade contenciosa – aquilo que é e não é ao mesmo tempo – invocando uma imaginação política capaz de enfrentar as práticas de dominação contemporâneas. Além de oferecer uma contribuição importante para os estudos anticoloniais latino-americanos, Cusicanqui nos ensina que um pensar não pode ser separado de um fazer: não pode haver um discurso descolonizador sem uma prática descolonizadora.