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João Perci Schiavon

PRAGMATISMO PULSIONAL

O saber ou o gozo pulsional tem esse traço de não servir a nenhum bem, algo meio desconcertante se tivermos em vista o título do presente escrito: “pragmatismo pulsional”.
Se o saber em questão é uma avaliação, uma apreciação, operando em diversos graus de profundidade e de agudeza, não seria o mais útil dos saberes?

Título: PRAGMATISMO PULSIONAL – clínica psicanalítica
Autor: João Perci Schiavon
Ano: 2019 | 1ª edição
N˚ de páginas: 336
Dimensões: 14 x 21cm
ISBN: 978-65-81097-06-6

Repetimos, ele não serve a nenhum bem, não serve a nada, porque dele decorrem todos os bens possíveis e todas as utilidades. É o não sujeitável. A pulsão é a phisis freudiana, indicando a presença do originário no homem e no pensamento. Não convém esquecer, em nome de uma justa apreciação do saber analítico, que a pulsão é uma autoridade no que diz respeito ao vivo ou ao desejo. Ela só precisa ser exercida. Cura é o nome que damos a esse exercício.

Raros são os psicanalistas que têm tamanho domínio de Lacan e de Guattari a um só tempo e que a exemplo de João Perci Schiavon conseguem, escrevendo, um alcance clínico e filosófico de tal envergadura. Pragmatismo Pulsional é uma pérola.

Desde o início o leitor é introduzido a uma atmosfera (um plano de imanência) em que as armas teóricas ou ideológicas são depostas e os clichês removidos, em favor de uma aventura sutilíssima em que somos convidados a experimentar o fluxo inconsciente e a aposta clínica num diapasão em tudo singular.

Entrecruzando a contribuição freudiana a uma linhagem filosófica que vai de Nietzsche a Deleuze, a pulsão reaparece sob uma nova luz, a ética desponta como um crivo incessante, Lacan se vê virado do avesso, a esquizoanálise se adivinha como uma nota quase inaudível e no entanto persistente, e os casos clínicos ganham rara vivacidade.

O livro inteiro pode ser lido e vivido como uma “experiência”, subjetiva, clinica, filosófica, micropolítica – isto é, de transformação. O que mais se pode exigir de um livro hoje – a saber, que ele faça diferença, e diferença para a vida?

Peter Pál Pelbart

João Perci Schiavon nasceu em Curitiba e reside atualmente em São Paulo. É psicanalista desde 1980. Publicou no ano de 2002 O caminho do campo analítico (Travessa dos Editores) e em 2003 A lógica da vida desejante (Criar Edições). Doutorou-se em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade de São Paulo (2012), com a tese Pragmatismo pulsional – clínica psicanalítica. Leciona na PUC-SP, no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica (Núcleo de Estudos da Subjetividade).