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Maurizio Lazzarato

FASCISMO OU REVOLUÇÃO?

O fascismo histórico foi tão moderno quanto o capitalismo (já que é uma de suas expressões), como demonstrado nitidamente pelo futurismo italiano. O mesmo ocorre com o novo fascismo, que é um ciberfascismo. Ele põe em xeque todas as utopias tecnociber (do ciberpunk ao ciberfeminismo, da ciberesfera à cibercultura) que desde o pós-guerra, principalmente a partir dos anos 1970, viam nas máquinas cibernéticas uma dupla promessa: a de uma nova subjetividade pós-humana e a da liberação da dominação capitalista, cuja ruptura viria das máquinas e não da política. Das revoluções da técnica e não da organização revolucionária. Bolsonaro e Trump utilizaram todas as tecnologias disponíveis da comunicação digital, mas suas vitórias não vêm da tecnologia. São o resultado da máquina política e estratégia que agencia uma micropolítica dos afetos tristes (frustração, ódio, inveja, angústia medo) com relação à macropolítica de um novo fascismo, que dá consistência política às subjetividades devastadas na financeirização.

Título: Fascismo ou Revolução? O neoliberalismo em chave estratégica
Autor: Maurizio Lazzarato
Ano: 2019 | 1ª edição
N˚ de páginas: 208
Dimensões: 21 x 14cm
ISBN: 978-856-694-381-8

INTRODUÇÃO Tempos apocalípticos

A máquina do capital e os novos fascismos
De Pinochet a Bolsonaro – ida e volta
A financeirização dos pobres: da governamentalidade lulista ao confronto neofascista
Os novos fascismos
Os fascistas e a economia
O racismo contemporâneo como mutação do racismo colonial
A secessão dos possessores
Guerra e revolução
Circulação e finança
Os militares e a guerra depois da Guerra Fria
A “pacificação” no conceito de “poder”
O poder contemporâneo
Biopolítica e capital: de que vida estamos falando?
A extinção do pensamento estratégico

Máquina técnica e máquina de guerra
Máquina social e máquina de guerra
A máquina de guerra suprematista
Fanon e o rádio
Cibernética e guerra
Teoria das máquinas
Marx e o triplo poder da máquina, da ciência e da natureza
Genealogia da máquina
A máquina de guerra
A máquina e a capacidade de se revoltar
Automação e decisão
Máquina de guerra e máquina técnica na organização do trabalho
O vampiro da subjetividade
A empresa como origem e fonte do niilismo
Despersonalização ou guerra de classes?

Devir revolucionário e revolução
A revolução
No século XX, pela primeira vez, a revolução é mundial
Guerra civil mundial ou revolução mundial?
Revolução do conjunto das relações de dominação e não unicamente da relação entre capital e trabalho
As duas estratégias da revolução
Sujeições
Trabalho
A autonomia da organização das mulheres
O partido entre os colonizados
Crítica da dialética
O movimento operário
A supressão da revolução nos estudos pós-coloniais
Reatar com a revolução

Maurizio Lazzarato é um dos pensadores políticos europeus mais independentes e originais da atualidade. Proveniente do operaísmo italiano dos anos 70, despontou como um analista arguto das “revoluções do capitalismo”, título de um de seus livros já traduzidos no Brasil. Em seu exílio na França, junto com Toni Negri, deu início a uma pesquisa seminal sobre o trabalho dito “imaterial”, num contexto em que a produção se revelava cada vez mais centrada no conhecimento e na invenção, deslocando os parâmetros tradicionais da análise política. Ao alargar seu escopo, e inspirado no trabalho de Gabriel Tarde, publicou As potências da invenção, detectando aquilo que se tornou o cerne da produção – a saber, a “força-invenção”. Também se debruçou sobre a luta concreta dos chamados “intermitentes”, na França –  trabalhadores do setor de espetáculos que até há pouco gozavam de uma proteção social condizente com o caráter descontínuo de sua atividade. O autor entendeu que essa categoria aparentemente secundária encarnava uma tendência crescente do próprio trabalho no capitalismo atual (o cognitariado): a indistinção entre tempo de trabalho e tempo de lazer, a alternância entre trabalho e não trabalho, a precarização do emprego, o lugar da invenção e da criatividade, etc.
Pouco antes da crise dos derivativos, publicou O homem endividado, traduzido para mais de quinze idiomas, sucesso que se explica pela forma como analisou o papel da dívida na dinâmica econômica do presente. Fornecia, assim, de maneira antecipatória, uma interpretação do sismo econômico que abalaria o planeta. O governo do homem endividado aprofundou tal perspectiva, ao ver na dívida um mecanismo central de exercício de poder na atualidade.
Mais recentemente, escreveu com Eric Alliez Guerras e Capital, num esforço de fôlego para apreender a dimensão bélica do capitalismo contemporâneo.